quarta-feira, 16 de maio de 2018

Divindades


Existem deuses em Asgard e outros reinos que são venerados pelos habitantes dos nove mundos, principalmente em Midgardr.

Baldr
“Eu vi Baldr,
O deus ensanguentado,
Filho de Odin,
Seu destino selado.”
-- Völuspa


Filho de Odin e Frigg e esposo de Nanna, a Brava, Baldr é o mais sábio e o mais calmo dos deuses. Ele mora em Beidablik, a mais pura casa celestial, sendo um guerreiro formidável, mas está destinado a ser morto por seu irmão, Hodr, o Cego, guiado pela maldade de Loki. Baldr é o deus que será sacrificado antes do Ragnarök.
Os Aesires lhe darão um grandioso funeral e queimarão o corpo de Baldr em seu navio, Hrighorni. Nanna, sua esposa, morrerá de tristeza e será colocada em sua pira funerária. Odin colocará seu bracelete de ouro sob seu corpo após sussurrar ao ouvido do filho; a montaria de Baldr também será sacrificada. Thor consagrará a tudo, erguendo seu martelo, e o navio flamejante será lançado ao mar, diante dos deuses reunidos.
Será pedido à deusa Hella que Baldr retornasse ao mundo dos vivos, mas, para isso, ela dirá que toda a criação deveria chorar pela morte de Baldr. Uma gigante, Thokk, recusara-se. Ela é, é claro, Loki disfarçado.

Freya
“Folkvang é chamado,
O lugar onde Freya decide
Os que ficam em seu salão.
Dos que morreram em combate,
Metade fica com ela;
A outra metade, com Odin.”
-- Gylfaginning


Freya, filha de Njord, gêmea e amante de Freyr, é, acima de tudo, a deusa do amor e da beleza. Ela é a mais bela e mais libertina das deusas e todos os deuses e gigantes a desejam. Os escaldos a celebram constantemente.
Freya possui uma fabulosa joia forjada pelos anões: o resplandecente colar de ouro Brisingamen, que muitos cobiçam. No entanto, ela não seria uma das mais importantes divindades Nórdicas se fosse limitada apenas ao domínio da beleza e do amor:
• Freya, como seu irmão, está vinculada à fecundidade, à fertilidade, aos casamentos, aos nascimentos e também à morte. Ela é frequentemente reverenciada durante partos.
• Freya também é uma feiticeira. Ela criou a magia extática chamada de seidr e a ensinou a Odin. Freya extrai seus poderes dos mortos e pode prever o futuro. Algumas vezes chamada de “Dis (ou deusa) dos Vanires”, Freya pode se transformar em um falcão.
• Freya tem uma carruagem puxada por dois gatos. Como deusa da guerra, ela partilha todos os mortos em batalha com Odin, de quem é muito próxima e, às vezes, amante. Freya também monta um javali de pelos dourados, Hildisvini (“Suíno de Batalha”), similar ao de Freyr.
Assim Freya, reina sobre muitos domínios: amor e guerra, fertilidade e magia negra, vida e morte.

Freyr
“Diga-me Freyr, Príncipe dos Deuses:
Por que te sentas sozinho,
Meu senhor, durante todo o dia
Com o coração pesado em tua sala?”
-- Skirnismal


O filho de Njord, gêmeo de Freya e também seu amante, Freyr, é o mais adorado dos Vanires e o segundo entre os deuses Nórdicos.
Luminoso deus das vegetações, da primavera, da fertilidade, da fecundação e da colheita, ele também é o príncipe dos alfar e vive em Alfheim. Ele traz paz e prosperidade.
É um deus navegante. Seu navio mágico, Skidbladnir, foi construído pelos anões e Freyr pode dobrá-lo e guardar em seu bolso. Sua biga é puxada pelo javali Gullinbursti (“Juba d’Ouro”), que ganha de qualquer cavalo em corrida na terra ou no mar e cujas cerdas brilham com uma luz dourada, capaz de iluminar a mais escura das escuridões. Ele também cavalga seu cavalo Blodughofi (“Cascos Sangrentos”).
Freyr governa os ritos de fecundidade e os casamentos sagrados. Até mesmo seu casamento com a gigante Gerd, obtido por meio da força, é um símbolo da união do deus da fertilidade com a terra fecunda.

Frigga
“A oeste do Valhalla há um pequeno arbusto
Que é chamado de Visco.
Pareceu-me muito jovem
Para eu tomar seu juramento.”
-- Gylfaginning


A esposa de Odin (e mãe de Baldr e Hodr), Frigga (também conhecida como Frigg), é a deusa do amor conjugal. Ela, sozinha, pode sentar-se no trono de Odin. Por isso, possui o dom da profecia, mas nunca fala o que vê. Ela é a mãe de tudo, a esposa, a guardiã do lar e preside casamentos e nascimentos junto de Freya. Frigga é cercada por uma corte de deusas menores que a servem.
O apego de Frigga a seu filho, Baldr, que ela tenta salvar da morte inevitável com todas as forças, é o exemplo perfeito do amor maternal.
O lar de Frigga é o Fensalir (“Salões do Brejo”), onde muitas vezes ela habita, bebendo com Odin e girando as nuvens.

Heimdall
“Ele pode ouvir a grama crescer na terra
Ou a lã sob o carneiro,
E toda coisa que faz um barulho maior.”
-- Gylfaginning


Heimdall é o vigia dos deuses. Seu lar é onde Bifröst, a Ponte Arco-Íris, toca o céu. Dia e noite, ele protege o acesso à Ponte contra os gigantes das montanhas. Ele escuta tudo e pode ver a mais de uma centena de milhas. Ele precisa estar sempre atento: ao primeiro sinal do Ragnarök, ele tocará sua trombeta, Gjallarhorn (“Chifre-Berrante”).
Ninguém sabe se Heimdall é Aesir ou Vanir. Seus laços familiares são misteriosos e ele diz que é filho de nove mães e é irmão de nove irmãs. Talvez seja filho de Odin com as nove Donzelas das Ondas, filhas de Aegir.
Heimdall é o mais brilhante dos deuses. Seu cavalo é chamado Gulltopp (“Crina de Ouro”) e seu animal favorito é o carneiro. É ele quem recuperou o colar Brisingamen quando Loki o roubou.
Heimdall, ao lado de Odin e Thor, protege o mundo contra a destruição. Loki é seu inimigo e eles estão destinados a lutar um contra o outro na batalha final.

Hella
“Abaixo da terra
Outro corvo canta.
Um pássaro vermelho-ferrugem
Nos salões de Hella.”
-- Völuspa


Hella, ou Hel, filha de Loki e da gigante Angrboda, é a deusa do mundo sombrio, onde vivem os mortos não escolhidos por Freya ou Odin. O reino de Hel não é um local de punições, mas de névoa e gelo, a última morada dos mortos. Os estupradores, os mentirosos e os ladrões são punidos fora do salão de Hella.
Todos que entram nos domínios de Hel não podem partir nunca mais; como o rio Gjoll, correndo da nascente Hvelrgelmir, circunda seus domínios, a entrada é guardada por um lobo monstruoso, da mesma raça que Fenris, e uma gigante, Modgudr, que pergunta àqueles que desejam atravessar a ponte, coberta com telhado de ouro, Gjallarbru, o que eles são e por que desejam adentrar os domínios de Hel. Dali, a estrada que leva aos domínios de Hel desce para o norte.
Hella é uma figura dúbia, sendo metade monstruosa, com a pele azul e preta, e metade bela, como uma jovem muito bem afeiçoada. Ela recebe seus convidados em seu imenso salão, Eljudnir. Lá, intrusos ficam cara a cara com seus ancestrais mortos.
Os criminosos são devorados pelo dragão Nidhogg, ao sul do Reino dos Mortos, em Nastrond, a “Costa dos Cadáveres”. O próprio Odin designou Hella como a absoluta governanta deste reino e somente ela pode decidir deixar alguém partir de seu domínio.

Loki
“Loki é belo ao olhar,
Mas seu espírito é maligno
E seu temperamento mutável.
Ele supera todos os homens na ciência
Da astúcia e da malícia.
Ele sempre causa os grandes males aos Aesires,
Mas muitas vezes, ele os salvou
Por meio de suas artimanhas.”
-- Gylfaginning


Cruel e astuto, Loki é o mais problemático entre os deuses. Ele é a origem dos infortúnios, pai do lobo Fenris, da Serpente de Midgardr e da deusa do submundo, Hella. Ele usa toda a sua inteligência e astúcia para fazer truques maliciosos com os outros deuses. Mas Loki não é um deus do mal; na verdade, ele é um agitador semelhante a Odin, de quem é irmão de sangue e com quem partilha algumas semelhanças, como a ambivalência e a astúcia.
No entanto, algumas fontes dizem que Loki causará a morte de Baldr e insultará os outros deuses. Então ele será acorrentado acima de três pedras pontiagudas, enquanto o veneno de uma serpente pinga sobre ele. Sua esposa, Sigyn, segurará um prato para juntar o veneno e protegê-lo, mas toda vez que ela for esvazia-lo, Loki terá espasmos de dor que fazem a terra tremer.
Loki comandou os anões, para criarem os seguintes itens mágicos:
• A Lança Gungnir e o bracelete Draupnir para Odin;
• O navio e o javali de ouro de Frey;
• O martelo Mjölnir de Thor;
• O cabelo de ouro de Sif.

Njord
“As montanhas me repugnam,
Não fiquei muito tempo ali,
Não mais que nove noites.
O uivo dos lobos me parece horrível
Comparado ao canto dos cisnes.”
-- Gylfaginning


Deus reverenciado por pescadores e navegantes, Njord controla o vento, o mar e o fogo. Ele é rico e protege as terras e pertences dos homens que o veneram. Njord vive em Noatun (“lugar de navios”), no mar, o que torna a vida difícil para sua esposa Skadi, filha do gigante Thjazi, que prefere as montanhas.
Njord é o pai dos gêmeos Freyr e Freya, que ele gerou com uma de suas irmãs, já que o incesto não é proibido entre os Vanires.
Odin
“Eu sei que eu fui suspenso

Na árvore fustigada pelo vento
Por nove noites inteiras,
Ferido pela lança
Eu olhei para baixo,
Eu peguei as runas
Peguei-as, gritando
E, então, eu caí.”
-- Havamal


Odin não é apenas o rei, mas também o pai dos deuses de Asgard, governando de seu trono em Gladsheim, de onde observa a ação de todos os outros deuses.
Um homem velho, sem um olho, com longos cabelos e uma barba cinzenta, Odin é envolto por um manto azul ou preto e esconde seus traços sob um chapéu de abas largas. Seu único olho brilha com todo o conhecimento do mundo. Dois corvos, Hugin e Munin (Pensamento e Memória), empoleiram-se em seus ombros e viajam pelo mundo ao amanhecer para reportar a Odin tudo o que viram. Dois lobos, Geri (Voraz) e Freki (Glutão), também o acompanham e ele os alimenta com a comida que lhe é dada, já que Odin consome apenas vinho.
Odin é mais temido do que venerado. Ele é um deus ambíguo, temível e perigoso, com muitos aspectos:
• Ele está acima de toda a soberania dos Aesires e Vanires. É o mais velho e pai de quase todos os outros. Seu trono, Hlidskjalf, de onde examina todo o mundo, fica em Gladsheim, seu domínio em Valhalla, o Salão dos Mortos. Os outros onze grandes deuses regularmente encontram-se aqui com Odin para governar e tomar decisões, ou apenas para festejar.
• A lança de Odin, Gungnir, e seu bracelete de ouro, Draupnir, são os principais símbolos de seu poder.
• Odin é o deus dos que morreram em combate. É ele quem conduz as almas com seu cavalo de oito patas, Sleipnir, o garanhão cinza. Ele envia suas filhas, as Valkyrias, para escolher os mais valorosos guerreiros nos campos de batalha e escoltá-los até o Valhalla. Durante as doze noites antes do Yule, ele atravessa o céu por dentro das nuvens, seguido por um exército de espíritos e Valkyrias, sua horda selvagem. No salão dos mortos, Valhalla, ele dá as boas vindas a seus súditos favoritos, aqueles que morreram em batalha e foram trazidos pelas Valkyrias. Esses são os einherjar, “guerreiros únicos”, aqueles que comem da carne do javali Saehrimnir, que se torna inteiro de novo todo dia, e bebem o hidromel das tetas da cabra Heidrun, que vive no telhado. Sob o olhar atento de Odin, eles lutam o dia inteiro e, às vezes, são mortos, mas são trazidos de volta à vida para banquetear toda noite e esperar o Ragnarök. Assim, eles estarão ao lado dos deuses para lutar contra o lobo Fenris e as forças da destruição. Como um necromante, Odin pode falar com os mortos e roubar o conhecimento daqueles que foram enforcados.
• Deus da vitória, mas não da guerra, Odin não luta. Ele decide o rumo de uma batalha com sua astúcia e conhecimento. Os meios necessários não lhe interessam; apenas os resultados contam. Traição, tortura, nada o incomoda. Ele incita o ódio e a destruição. Também é conhecido como o deus da fúria, Yggr o Temível. Seus guerreiros sagrados, os berserkers, entram em um êxtase furioso na batalha, tornando-se insensíveis à dor e aos ferimentos.
• Odin é um grande estrategista, um gênio tático. Por conta de seus conhecimentos (ele inventou a formação em cunha), é o fundador de muitas dinastias humanas. É um deus aristocrata, instruído e refinado.
• Odin também é deus do conhecimento e inteligência. Ele sacrificou um de seus olhos para beber da fonte de Mimir e ganhar sabedoria. Também é o Aesir que mais conhece a magia. Como deus da inteligência, ele também é o deus dos comerciantes, dos negociantes e dos mercadores.
• Mestre de toda a magia, Odin é o deus da galdr, a magia de encantamento. Com Freya, dos Vanires, ele aprendeu a seidr, a magia extática. Além disso, é o deus das runas e as obteve por meio de um doloroso sacrifício, pendurado na Yggdrasil por nove dias. Ele também é um metamorfo e pode assumir qualquer forma humana ou animal.
• Odin também é o deus da poesia. Na forma de uma águia, ele roubou dos gigantes o hidromel dos skalds, criado pelos anões, que dá inspiração a quem o beber. Odin continua sendo um deus impossível de se compreender totalmente. É impossível confiar nele: ele está em constante movimento, viajando, mudando de forma e aparência, indo do amigável ao hostil, tão mutável quanto o vento.

Thor
“... Ele entornou o caldeirão,
Girou o Mjölnir
Contra os sanguinários,
Os monstros do deserto,
Todos ele matou.”
-- Hymiskvida

Thor é o deus mais amado entre os Nórdicos. Uma encarnação do trovão e o deus da guerra, guiando sua biga puxada pelos dois bodes, Tanngnjostr (“Dente-amolador”) e Tanngrisnir (“Dente-exposto”), grande e imponente, sua barba vermelha brilha e seus olhos são flamejantes. Thor é filho de Odin e Jord, a Terra.
Thor porta o Mjölnir, um martelo forjado pelos anões: ele é indestrutível e sempre retorna para sua mão. Usando um cinturão e luvas de força, a força física de Thor é inigualável.
Thor é, acima de tudo, o deus da força e do combate, o defensor dos deuses, o matador de gigantes, protetor de Asgard e quem matará Jörmungandr no Ragnarök.
Thor também tem muitos aspectos, embora seja menos ambíguo que seu pai, Odin, e muito mais reverenciado pelos mortais:
• Thor é o deus da força. Suas batalhas contra os gigantes são contadas e recontadas nas sagas e ele sempre é veloz usando seu martelo. Ninguém é mais forte que ele, ele não tem rivais, Thor acaba logo com seus inimigos, sejam eles homens ou deuses.
• Thor é valente, confiável, leal e tem o pavio curto. É pouco sofisticado, mas amigável e simpático. É um grande beberão e um grande glutão, ansioso para lutar, embora sempre defenda a paz. Ele é um deus próximo aos homens.
• Ele é um deus benevolente.
• O relâmpago e o trovão de Thor trazem a chuva, um símbolo de fertilidade. Ele é invocado em casamentos e seu martelo é um símbolo de bênçãos. Seus bodes são seu alimento, mas ele os traz de volta à vida abençoando seus restos com o Mjölnir.
Por conta de sua vitalidade transbordante, Thor é um deus da vida e o filho da Terra. Ele representa o homem comum, o camponês, o Nórdico, simples e direto.

Tyr
“Ainda há um dentre os
Aesires chamado Tyr.
Ele é valente e o mais corajoso
E tinha poder sobre a vitória na batalha.
É bom para os bravos homens
Invocá-lo.”
-- Gylfaginning

Tyr, embora muitas vezes não seja reconhecido pelos escaldos, é um ser primordial e criador dos homens. Seu próprio nome quer dizer “deus”.
Um guerreiro valente, ele lidera a thing e mantém a paz sobre o mundo até a hora do Ragnarök, quando ele lutará contra o lobo Fenris, apesar de ter perdido sua mão direita.
Tyr é o legitimo deus da guerra, lutando de maneira justa e de acordo com as regras – diferente de Odin. O bravo Tyr é o único deus que ousou alimentar o lobo Fenris e sacrificou sua mão direita para reparar as mentiras dos deuses e manter a paz no mundo.

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